O robô “Zé Vírgula Quatro” andava triste por não
ter ninguém com quem brincar. À noite,
depois de ter feito todas as contas, cálculos e outras operações matemáticas, e
de ter transportado minérios raros de um lugar para outro, fechavam-no a sete
chaves num armazém escuro onde tinha por companhia tubos de ensaio, provetas,
parafusos, várias ferramentas e outros aparelhos esquisitos que ele nem sequer
sabia para que serviam. Na manhã seguinte davam-lhe instruções rigorosas sobre
o que tinha que fazer. As suas tarefas eram sempre muito complicadas e ele não
podia falhar.
Um dia, cansado de fazer sempre a mesma coisa e já
farto de números e de cálculos difíceis, ficou ainda mais triste e sentiu que
pelo seu corpo de lata escorriam gotas de água. Os técnicos analisaram as gotas
durante alguns dias e, por fim, chegaram a uma conclusão: “São lágrimas!” O
robô “Zé Vírgula Quatro” estava chorando e para os seus inventores e para os
donos da fábrica onde ele trabalhava um robô que chorasse era um robô que não
prestava mais.
Imobilizado num canto do grande armazém onde
costumavam guardá-lo à noite, “Zé Vírgula Quatro” ouviu a sentença final:
—
Deixou de prestar. Temos que vendê-lo como sucata!
“Zé Vírgula Quatro” sentiu o que nunca havia
sentido: dentro do peito feito de metal e de fios emaranhados havia agora um
coração que batia a galope.
As crianças que viviam na vizinhança da fábrica
juntaram-se e pediram que, em vez de transformarem-no em sucata, o colocassem
no meio do jardim onde costumavam brincar.
O pedido foi atendido. Hoje, “Zé Vírgula Quatro”,
rodeado de crianças e pássaros, já não chora e o seu coração sempre que bate é
de alegria.
(José Jorge Letria,
Histórias do Sono e do Sonho, Desabrochar. Adaptação: Profª Janete Motta)
Interpretando o texto:
1.Quem era “Zé Vírgula Quatro”?
2.Por que razão o robô andava triste?
3. O que fazia “Zé Vírgula Quatro” durante o dia?
4.Por que o robô “Zé Vírgula Quatro” deixou de
prestar?
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